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CIDADÃO DIGITAL: Maratonista Hi-Tech

  • Thayná Milheiro Soares
  • 23 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Você já parou para pensar em como transformar aquela excelente ideia lucrativa em algo comercializável e, principalmente viável? Em como apresentá-la de uma forma envolvente e convincente o suficiente a ponto de alguém querer realmente investir dinheiro ou comprá-la?! E, principalmente, já parou para pensar se essa ideia é realmente rentável, boa mesmo?!

Ter uma ideia que e se convencer de que é possível lucrar com ela é algo relativamente fácil. Já ouvi pessoas dizendo que tem pelo menos umas cinco por dia e que a maioria tem potencial de deixá-las ricas. Mas uma ideia não se vende sozinha, primeiro é preciso que ela deixe de ser apenas uma ideia e se transforme em um modelo de negócio.

Até mesmo as grandes empresas em nichos já consolidados do mercado enfrentam ineficiências em seus processos que acabam sendo invisibilizadas diante da dimensão negócio. Entretanto, pressupor que uma solução para essa ineficiência não agregaria valor ao negócio acaba fazendo com que grandes ideias continuem sendo apenas ideias.

A cultura empreendedora já bastante disseminada no Brasil e o fomento ao desenvolvimento tecnológico vem abrindo mentes e portas para que empresas busquem soluções para suas dores de mercado através de Hackatons, que é um nome bem descolado para maratona de desenvolvimento tecnológico onde pessoas com formação nas mais variadas áreas de conhecimento formam equipes com objetivo apresentar soluções viáveis para dores de mercado, tudo isso em algumas horas.

Participando de um Hackaton pude aprender valiosas lições sobre como viabilizar a retirada da ideia do papel e durante o período de imersão foram ofertadas palestras e mentorias para que os participantes pudessem ser capazes de conhecer mais sobre o que era necessário explorar e alcançarem melhores resultados.

Os Hackatons proporcionam ao participante a experiência sempre única de identificar uma dor de mercado e trazer uma solução eficiente. Além da interação com mentores, que colaboram para o desenvolvimento profissional através da visão crítica que a experiência os dá. Mais que conhecer os jargões e universo startupeiro, o aprendizado essa jornada agrega é impagável: visão multidisciplinar, como chegar a um mínimo produto viável (MVP), desenvolvimento e descobertas de hard skills (habilidades técnicas) e soft skills (habilidades comportamentais).

O significado de equipe fica ainda mais claro quando é formada ao acaso e a prioridade passa ser a solução daquela dor de mercado e tudo com o que todos podem contribuir para que aquela ideia seja a aposta da banca e dos investidores, dentre outras tão ou até mesmo mais inovadoras. Não é preciso reinventar a roda, mas sim convencer de que a sua é a que melhor vai girar no mercado.

Nesse ambiente é preciso coesão e colaboração, saber programar é tão relevante como conseguir explicar em linguagem acessível qual é a proposta do modelo de negócio que está se formando. Nenhuma habilidade deve ser negligenciada porque são complementares e interdependentes e o gerenciamento de tempo precisa ser muito bem feito, porque imprevistos acontecem, a madrugada começa e o relógio não para.

Muita coisa acontece ao mesmo tempo, progressos acontecem e à medida em que a ideia vai sendo explorada as sólidas certezas que a permeavam podem ser enfraquecidas pelas dúvidas e derrubadas pelo o que agora só é possível enxergar como meras suposições. A multidisciplinariedade tem dessas coisas e a mentoria também. Os mentores passam pelas equipes deixando críticas, elogios pulgas atrás das orelhas. Certo desespero vem se aproximando e novas decisões precisam ser tomadas: abandonar a ideia e partir para outra ou realizar ajustes para seguir em frente. A manhã se inicia e relógio não para.

Passado o susto e o equilíbrio reestabelecido, a corrida continua e o relógio não para. Acerto dos últimos detalhes, ajustes na apresentação para a banca. Estufa o peito, encaixa as escápulas, barriga para dentro, posição do herói, respira fundo e vai! Apresentação para a banca, 5 minutos! Pronto, acabou! Agora é só esperar a rodada terminar, banca conversa reservadamente e anunciam os ganhadores.

Ao final a premiação é obviamente almejada, mas a satisfação entre todos os participantes é muito perceptível. O aprendizado absorvido, desenvolvimento pessoal e profissional, networking, a percepção do potencial de geração de valor pelas pessoas através da conexão e colaboração são coisas que não tem preço e com que todos os participantes certamente são premiados.

É certo que o índice das equipes que vencem estes desafios e se transformam em startups ou outro tipo de empresa é ínfimo, mas isso de forma alguma invalida a importância que o processo tem para o fomento de novas iniciativas do mercado. Competições envolvendo inovação, além de se mostrarem como opção para algumas empresas que buscam soluções e até mesmo profissionais, estimulam a solução de dores de mercado, e consequentemente o desenvolvimento do país.


Thayná Milheiro Soares

Pós-Graduanda em Direito e Tecnologia – Faculdade Arnaldo – Turma II


Alex Cabral é professor de Direito e coordenador da Coluna Cidadão Digital

 
 
 

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