Moradores querem aumentar proteção ambiental em Lapinha da Serra
- Fluxo BH

- 12 de nov.
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Comissão de Cultura percorreu o local e verificou os impactos de atividade empresarial na Lagoa da Lapinha Álbum de fotosFoto: Ramon Bitencourt
A fim de ressaltar a importância ambiental, cultural, turística e econômica da Lapinha da Serra, a Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou visita técnica ao Distrito de Santana do Riacho (Região Central). Durante o encontro, realizado na segunda-feira (10/11/25), a comunidade expressou preocupação com impactos da atividade empresarial na região.
“Este rio está a cada dia ficando mais raso”, lamentou o morador Bruno Davi Prudêncio. Ele se referiu ao encontro dos Córregos Raízes e Lapinha, que formam a Lagoa da Lapinha da Serra. Até 2017, o nível da água permanecia estável, permitindo a pesca e a prática de esportes náuticos, como remo, canoagem e vela durante todo o ano.
Mas desde que a Pequena Central Hidrelétrica Coronel Américo Teixeira conseguiu renovar a outorga, a água da lagoa passou a ser direcionada para o reservatório privado. Há oito anos, empreendedores locais têm testemunhado a diminuição do período em que a lagoa permanece cheia.
O esvaziamento prejudica as atividades econômicas, diminuindo o fluxo de turistas interessados em ver as cachoeiras, andar de pedalinho e apreciar a paisagem. “Antes, trabalhávamos durante 12 meses. Agora, trabalhamos só quatro”, desabafou Prudêncio.
Conforme a presidente interina da Associação Comunitária da Lapinha da Serra (Ascom), Eliane Pires, em torno de 4 mil pessoas frequentam a região entre os meses de fevereiro e junho, na chamada alta temporada. Em eventos como o arraial, esse número chega a 6 mil. Essa movimentação fica impactada pela falta de água na lagoa.

Condutores ambientais tiveram que substituir os barcos por quadriciclos para percorrer área que deveria estar ocupada pela lagoa Álbum de fotosFoto: Ramon Bittencourt
O condutor ambiental Vanderlei Sabino relatou também que a empresa restringe o acesso ao Grande Abrigo de Santana, sítio arqueológico com arte rupestre, onde foram encontradas 48 ossadas humanas e fragmentos de ferramentas com cerca de 4 mil anos. Além disso, a retirada de água enfraquece a preservação ambiental e as atividades de subsistência, causando assoreamento e mortes de peixes, entre outros animais.O esvaziamento prejudica as atividades econômicas, diminuindo o fluxo de turistas interessados em ver as cachoeiras, andar de pedalinho e apreciar a paisagem. “Antes, trabalhávamos durante 12 meses. Agora, trabalhamos só quatro”, desabafou Prudêncio.
Pendurados na parede do restaurante, dois porta-retratos registram o momento em que Laudelina de Jesus, fundadora do empreendimento, percorre a lagoa com o neto Rafael Árabe. Ele tinha em torno de dez anos na época. Costumava nadar e pescar nas águas que hoje só estão em suas lembranças. “É muito triste: isso aqui está irreconhecível”, descreveu.
Segundo a deputada Beatriz Cerqueira (PT), responsável por solicitar a visita, o problema é agravado porque a empresa não gera energia para o município, nem se dispõe ao diálogo com representantes da comunidade. “Isso é um problema que não é natural: foi causado pela ação humana”, afirmou.
O esvaziamento prejudica as atividades econômicas, diminuindo o fluxo de turistas interessados em ver as cachoeiras, andar de pedalinho e apreciar a paisagem. “Antes, trabalhávamos durante 12 meses. Agora, trabalhamos só quatro”, desabafou Prudêncio.
Conforme a presidente interina da Associação Comunitária da Lapinha da Serra (Ascom), Eliane Pires, em torno de 4 mil pessoas frequentam a região entre os meses de fevereiro e junho, na chamada alta temporada. Em eventos como o arraial, esse número chega a 6 mil. Essa movimentação fica impactada pela falta de água na lagoa.
O condutor ambiental Vanderlei Sabino relatou também que a empresa restringe o acesso ao Grande Abrigo de Santana, sítio arqueológico com arte rupestre, onde foram encontradas 48 ossadas humanas e fragmentos de ferramentas com cerca de 4 mil anos. Além disso, a retirada de água enfraquece a preservação ambiental e as atividades de subsistência, causando assoreamento e mortes de peixes, entre outros animais.
Pendurados na parede do restaurante, dois porta-retratos registram o momento em que Laudelina de Jesus, fundadora do empreendimento, percorre a lagoa com o neto Rafael Árabe. Ele tinha em torno de dez anos na época. Costumava nadar e pescar nas águas que hoje só estão em suas lembranças. “É muito triste: isso aqui está irreconhecível”, descreveu.
Segundo a deputada Beatriz Cerqueira (PT), responsável por solicitar a visita, o problema é agravado porque a empresa não gera energia para o município, nem se dispõe ao diálogo com representantes da comunidade. “Isso é um problema que não é natural: foi causado pela ação humana”, afirmou.
Projeto de lei busca reconhecer interesse do Complexo Lagoa da Lapinha e Serra
Empreendedora e moradora da localidade, Simone Lucy Coelho contou que a comunidade participa de cursos de brigadista para aprender a combater incêndios, prestar primeiros socorros, recuperar nascentes e manejar serpentes. Muitas pessoas, de acordo com ela, estão se dedicando a projetos de revitalização.
Um exemplo é Sítio Entoá, mantido pelo casal Christiane Netto e Gustavo Carvalho. Após comprarem um terreno com fama de infértil, dedicaram-se a implementar ações de sustentabilidade. Hoje, tratam o próprio esgoto, transformando as fezes em fertilizantes para plantio de árvores por meio do banheiro seco.
Captam água da chuva e garantem a segurança alimentar no quintal de casa, desenvolvendo a permacultura (sistema de ambientes humanos sustentáveis). Recebem estudantes e realizam visitas guiadas pela área, a fim de promover a reflexão sobre educação patrimonial e manutenção climática. “Existe possibilidade, aqui é um lugar de esperança”, enfatizou Christiane Netto.
Presente no início da visita, o prefeito Fernando Burgarelli (Republicanos) ressaltou o andamento do processo de tombamento municipal, com previsão de término dos estudos em março de 2026. No nível estadual, está tramitando o Projeto de Lei (PL) 2.478/24, que reconhece como de relevante interesse ambiental, cultural e paisagístico o Complexo Lagoa da Lapinha e Serra.
“Quando a gente vai aos territórios, a gente vê que a comunidade se organiza e vive bem sem esses grandes empreendimentos”, observou Beatriz Cerqueira. Ao elogiar as ações de preservação já desenvolvidas pela população, a parlamentar reconheceu: “Estamos somando esforços ao que vocês já estão fazendo”.
Além de se comprometer com a mobilização pela aprovação do PL de sua autoria, a deputada anunciou como encaminhamento uma visita ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) para verificar os termos de renovação da outorga. Também pretende agendar visita técnica para conferir a condição dos sítios arqueológicos da região.
Nas fotos, Rafael preserva o vínculo comunitário com as águas locais, que significam subsistência familiar e lazer para quem vive no distrito Álbum de fotosFoto: Ramon Bitencourt




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