YUKA: Símbolo de resistência
- Fonte: João Paulo Dornas/wikipedia
- 19 de jan. de 2019
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Foto: Instagram

Marcelo Yuka, nome artístico de Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana (Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1965 — Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2019), foi um músico, compositor, ativista, político e palestrante brasileiro. Foi um dos fundadores da banda O Rappa e, posterior, do grupo F.UR.T.O.
Era baterista até ser baleado em um assalto na noite do dia 9 de novembro de 2000,[1] fato que o deixou paraplégico e o impossibilitou de tocar bateria. Notabilizou-se como compositor da maioria das canções do Rappa no período em que esteve na banda, com letras carregadas de intenso teor social e crítico. Nos seus últimos dias foi líder de uma ONG, de nome homônimo à sua última banda; através desta ONG, lutou por maior realização de pesquisas com células tronco.
Do Rappa ao F.UR.T.O
Marcelo Yuka foi um dos fundadores do O Rappa. Seguiu na banda até o ano de 2001. O rumo que a banda seguia era dirigido por ele. Com suas letras bem elaboradas e socio-políticas, como Pescador de Ilusões, A Feira, Minha Alma (A paz que eu não quero), O que sobrou do céu, entre outras canções. Após ficar paraplégico, por causa do tiro levado de um assaltante, e as divergências que se criaram entre ele e o resto dos integrantes, acabou saindo da banda. Depois disso, criou o |F.UR.T.O, que faz parte de um projeto social homônimo, que, segundo Yuka, era algo maior do que O Rappa lhe possibilitava. É dito até hoje que O Rappa segue uma linha ideológica, a qual fora criada por Marcelo Yuka, e não por Falcão, vocalista da banda. A história sempre segue o fio condutor desde seu início.
Novos Caminhos
Ele passava por uma nova fase: o discurso, sempre politizado, vem carregado de esperança. Yuka atualmente trabalha em um álbum com o produtor Apollo 9, Canções para depois do ódio, que ressalta sua depressão, tratada com ioga e meditação após um período com consumo excessivo de remédios antidepressivos. A banda A Entidade faz a parte instrumental, e as cantoras Céu e Cibelle estão entre as participações especiais. Paralelamente, Yuka também produz Mestiço, um projeto de "Eletro-indígena-hardcore, com guitarras distorcidas e base eletrônica. As letras são todas sobre a questão indígena". Fora da música, prepara um talk showna PlayTV, Hoje eu desafio o mundo sem sair da minha casa.
Política
Filiado ao PSOL desde 2010, foi convidado por Marcelo Freixo, candidato do partido para o cargo de prefeito nas eleições municipais do Rio de Janeiro, para integrar a chapa como candidato a vice-prefeito.
Sua vida e seu ativismo foram registrados no documentário “No caminho das setas”, de 2011, e posteriormente no livro “Não se preocupe comigo”, de sua autoria, em parceria com Bruno Levinson, livro este lançado em 2014. Em janeiro de 2017, quando se encontrava já internado, foi lançado o disco “Canções para depois do ódio”.
Morte
A saúde do músico vinha se deteriorando desde agosto de 2018, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Na madrugada do dia 4 de janeiro entrou em coma induzido, após sofrer outro AVC. Faleceu em 18 de janeiro de 2019, no hospital Quinta D'or, onde estava internado, vítima de infecção generalizada.
Último Post
No ultimo post nas redes sociais, o fundador e ex-baterista do grupo O Rappa aparece segurando um grande cartaz com os dizeres "o povo confunde justiça com vingança". A mensagem foi compartilhada no dia dia 27 de outubro, dia do segundo turno das eleições de 2018, juntamente com as hashtags #democracia, #viradadoamor, #antifa e #viravoto.
Repercussão
Maria Rita, cantora
"Marcelo Yuka descansou… Que a obra dele siga tocando as almas pra todo o sempre, especialmente neste momento que vivemos. 'PAZ SEM VOZ NÃO É PAZ. É MEDO.' Que ele descanse em Luz... Que é o que ele merece", escreveu Maria Rita, que regravou a música "Minha Alma".
Emicida, rapper
"Obrigado, Marcelo Yuka. Descanse em paz, soldado da música que agora se mescla ao universo e ilumina os caminhos dos que a utilizam como arma para guerrear em nome de um futuro melhor para a maioria das pessoas!"
Chico Alencar, político
"Sua curta existência entre nós é o preço das batalhas que você - solidário e tantas vezes solitário - travou."
Marcelo Freixo, político
"Xará. Que falta você vai fazer! Como é difícil escrever algo agora. Sentirei muita falta das suas gargalhadas, apelidos, sonhos, da sua inteligência e principalmente da sua forma de amar o mundo. Quem teve o privilégio de te conhecer de perto, sabe o quanto você era especial."
Marisa Monte, cantora
"Marcelo Yuka emprestava o seu olhar para nos explicar a realidade como poucos. Músico, poeta, pensador. Um multiartista e ativista que tinha o dom de enxergar tudo maior, de pensar no próximo, de se engajar em causas sociais."
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